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sexta-feira, 27 de julho de 2007

Afonso Dhlakama diz que “o País está a arder”

Sobre a onda crescente de criminalidade “Tudo tem a ver com a promiscuidade. O problema está no sistema. A Polícia foi bem formada, está com vontade de trabalhar, mas com a mistura do partido Frelimo, Estado e Governo, a própria Polícia não sabe para quê nem para quem trabalha. Há polícias honestos e profissionais na PRM, mas há, também, aqueles que não querem ver o bom desempenho dos novos rapazes recém formados. Eles pensam que trabalham para o partido Frelimo e aqueles profissionais ficam, daí, marginalizados. O que é isto senhor jornalista? Uma autêntica promiscuidade. E é o povo que está a sofrer ao invés de estar a ser protegido.” O líder do maior partido de oposição em Moçambique, Afonso Dhlakama, quebrou o silêncio que vinha mantendo desde que sofreu um acidente de viação em Maputo e que primeiramente o obrigou a baixar a uma clínica durante uns dias, e depois, aproximadamente durante dois meses, a convalescença doméstica. Na sua primeira aparição em público, esta semana, o presidente da Renamo manifestou o seu total descontentamento pela galopante subida da criminalidade que chamou de ”crime de qualidade” e que está a apavorar nos últimos tempos o «Grande Maputo». Diz que “o país está a arder”. “O uso de AKM em pleno dia para assaltar bancos, instituições comerciais, viaturas e até uma empresa jornalística em pleno dia, para o líder é uma novidade que no passado não havia. Mesmo no tempo de guerra não se ouvia falar disso”. Contrariamente às fontes governamentais que afirmam que o crime diminuiu, Dhlakama afirma: “não é verdade!”. “Quando é que um escritório de um jornal foi assaltado por meia dúzia de homens armados com AKM?”, questiona. “Quando é que empresas bancárias eram assaltadas? E quando é que estacões de serviço eram vítimas de homens armados como agora?” “O que os governantes dizem confunde. São apenas números. A qualidade do crime que se pratica hoje em Maputo, crime de qualidade usando AKM, tomou o grande Maputo. É uma realidade que deixa o grande Maputo inseguro. Se assim continuar, o povo vai-se insurgir. O país está a arder, de facto”. O nosso interlocutor não concorda que seja crime resultante da falta de meios no Ministério do Interior, da fome e do desemprego; da falta de viaturas na PRM (Polícia da República de Moçambique), e da polícia não ter rádios de comunicação, tudo argumentos usados pelo executivo de Guebuza para explicar o que está a acontecer. Para Dhlakama “tudo tem a ver com a promiscuidade”. “Tudo tem a ver com a promiscuidade. O problema está no sistema. A Polícia foi bem formada, está com vontade de trabalhar, mas com a mistura do partido Frelimo, Estado e Governo, a própria Polícia não sabe para quê nem para quem trabalha. Há polícias honestos e profissionais na PRM, mas há, também, aqueles que não querem ver o bom desempenho dos novos rapazes recém formados. Eles pensam que trabalham para o partido Frelimo e aqueles profissionais ficam, daí, marginalizados. O que é isto senhor jornalista? Uma autêntica promiscuidade. E é o povo que está a sofrer ao invés de estar a ser protegido.”“AS FADM só vão aborrecer as populações”Afonso Dhlakama insurgiu-se pela utilização de militares no patrulhamento nocturno nos bairros periféricos. É da opinião que o exército pode acompanhar a polícia mas não é ele que deve combater a criminalidade. “O exército é sim chamado para reforçar a capacidade da Polícia”. A título de exemplo, comparou este tipo de crime com a actuação do terrorismo. “O Iraque é um exemplo. Tem todo o tipo de armamento e em cada esquina está lá a polícia, mas os terroristas escolhem o alvo. Detonam as bombas à hora que querem e no sítio certo. Não são as FADM que podem controlar a criminalidade. Só vão aborrecer as populações humilhando as famílias”.Imagem de Moçambique em causaAfonso Dhakama, general de quatro estrelas e membro do Conselho de Estado, também manifestou o seu desapontamento por esta má imagem que Moçambique está tendo com este nível de criminalidade actual e após quinze anos de paz a serem comemorados no próximo dia 4 de Outubro. “A imagem de Moçambique começa a ficar em causa no exterior depois de ganharmos com a paz em que vivíamos. Esta imagem é que fez com que os americanos nos oferecerem dinheiro para melhorarmos a vida das nossas populações, e que igualmente fez com que a União Europeia contribuísse para o Orçamento Geral do Estado (OGE)”. “Eu estou com medo com a nova imagem, com a Paz a degradar-se. Não só. Isso influencia na decisão de investimentos em Moçambique. Os investidores ficam ameaçados com os relatos diários da criminalidade de qualidade no país”. “O executivo, no dia que tiver boa vontade, vai melhorar a segurança do povo, vai combater, desde que não misture Polícia, SISE, membros da Frelimo e camaradagem. Não basta mudar de comandante, de ministro, porque assim sendo, no dia em que a Frelimo perder o poder haverá nova guerra, pois a polícia pensa que trabalha para o partido”. “Esta criminalidade de qualidade nos parece algo de ajuste de contas. É uma crise criada, instalada e agora a surtir o seu efeito”, sintetiza Dhlakama.Saúde de DhakamaO presidente da Renamo disse ao «Canal» que se sente melhor e pronto para os novos combates que se seguem e de que destaca os preparativos das eleições provinciais. Revela, contudo, que ainda não está a cem por cento, o que o faz não trabalhar no seu gabinete, mas, sim, em casa. Salientou que o seu acidente não foi motivado por questões políticas. Foi um acidente provocado por embriaguês do automobilista, “um rapaz inconsciente”. Por seu apelo pessoal o jovem está em liberdade depois de alguns dias de prisão. «Não foi uma questão política. Felizmente sinto-me melhor e pronto para retomar o trabalho. Felizmente não podia deixar Moçambique muito cedo. As fortes dores já passaram. Estou a melhorar e estou fora do perigo embora isto leve tempo. É por isso que ainda estou a trabalhar em casa”.(Carlos Humbelino) - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 27.07.2007

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