Desde os tempos das aulas de canto coral era dispensado logo na primeira aula, depois de um teste junto ao piano da professora. Sou pois insuspeito de ter recebido fundos do "verão amarelo" para cantar num qualquer "road show" promocional ou de luta contra os malefícios da doença do século.
O jornal que acolhe esta crónica, mesmo timidamente, não deixou de se inquietar sobre o duvidoso bom gosto da campanha pinta paredes da telefonia amarela na Ilha dos Amores. O jornal que acolhe espinhos e outras farpas foi mesmo penalizado publicitariamente porque os executivos amarelos não gostaram duma capa do semanário. Não estou na onda de me vergar servilmente aos caprichos dos gabinetes de comunicação e imagem da celular estatal ou de outros serviços similares, públicos e privados.
Nunca viajei para "Sun City" em relaxe de fim de semana.
Mas não me é indiferente o fim do ciclo de liderança do engenheiro Rui Fernandes à frente do sector das telecomunicações públicas em Moçambique. Não me é indiferente assinalar que este electrotécnico, que chegou aos correios e telefones em 1976, somou a liderança da empresa de telefonia fixa ao celular nos últimos 24 anos.
Foi com Fernandes que os telefones públicos se lançaram na era da modernidade ainda nos tempos difíceis da guerra. Sem farpas para ninguém, e há milhares de moçambicanos honestos que fizeram crescer o edifício das telecomunicações, olhe-se para a empresa que ele deixou em 2003 quando partiu para o "exílio dourado" à frente da telefonia móvel.
E não posso deixar de me recordar da patética ironia dos ataques desferidos por um dos últimos ministros da tutela, vergastando a imagem de apreciável sucesso grangeado pelo sector empresarial público das telecomunicações.
Chegado a esta encruzilhada, para dissipar falsas premissas, é preciso assinalar que o sector está muito melhor e ainda vai melhor mais quando forem afastados todos os tiques do monopólio de Estado e vigorar uma saudável concorrência no fixo e na telefonia móvel. Como nos corredores aéreos, nos portos e nas ferrovias, passe a heresia de filho de ferroviário que cresceu à sombra do músculo da mais formidável das instituições coloniais moçambicanas.
Pelos tiros nos pés que são atribuídos ao sector público, pela atitude de coutada com que os dignitários do partido-estado e suas famílias sempre trataram as empresas públicas outros de nós são empurrados a empunhar acriticamente os estandartes do eldorado privado como panaceia de cura. Como os que votam na oposição porque querem penalizar o partido do coração em que deixaram de acreditar.
A mudança de ares do jovem dinossauro das telecomunicações serve-me apenas de pretexto para questionar se há de facto uma cultura empresarial do sector público e privado em Moçambique, quando os gestores deste eram os antigos daquele.
E mais uma vez, neste render da guarda, é preciso questionar se se vislumbram indicadores de meritocracia que destaquem empenhos e competências, independentemente dos círculos de poder em que navegam os gestores, as trocas de favores e as inevitáveis camisetes e bonezinhos a condizer com as insígnias do partidão.
Há um pequeno exército de jovens quadros que não sabem o que foi o colonialismo, nem o movimento de libertação. Crescerem "infectados" por outros valores e referências que não são necessariamente maus ou negativos.
Em nome do futuro, estes jovens precisam de receber sinais de abertura que não se esgotam no círculo vicioso das cumplicidades e das teias de interesses.
Quando isso acontecer, vale a pena acreditar que não se nasce para ser PCA e que há mais mundo a desfrutar para além do conforto da cadeira do chefe.
Mais importante. Que finalmente comecem a despontar referências ligando a caminhada para o topo com competência, esforço, estudo e liderança.
Fonte:SAVANA
Sick sense of humor? Visit Yahoo! TV's Comedy with an Edge to see what's on, when.
Sem comentários:
Enviar um comentário